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  • Lui Fagundes

COPA DE 50 – NILTON SANTOS, CASTILHO & RODRIGUES TATU

EM 1950 A ENCICLOPÉDIA NÃO ABRIU


O grande NILTON SANTOS, a “Enciclopédia do Futebol”, foi bicampeão do mundo na Suécia e no Chile, e titular na Copa de 54, na Suíça. Vestiu a camisa canarinho 86 vezes e marcou três gols (no 2x1 sobre o Paraguai, na Copa América de 53; no 3x0 sobre a Áustria na Copa de 58; e novamente contra o Paraguai, nos 6x0 da Taça Oswaldo Cruz, em 1962). Foi escolhido pela Fifa como o maior lateral-esquerdo de todos os tempos e eleito pela IFFHS (Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol) como o 9º maior jogador brasileiro de todos os tempos. Dá nome a dois estádios de futebol: um no Rio de Janeiro (o “Engenhão”) e outro em Palmas, Tocantins. Com o Botafogo, seu único clube, conquistou várias vezes o título carioca.

Nilton Santos estreou na seleção brasileira na Copa América de 49, disputada no Brasil. Entrou no lugar de Augusto na vitória de 5x0 sobre a Colômbia, no Estádio do Pacaembu. Foi seu único jogo na competição que teria o Brasil como campeão, depois de um jogo desempate (goleada de 7x1) contra o Paraguai. Só voltou a vestir a amarelinha em maio do ano seguinte, e justamente contra o Uruguai (na derrota de 4x3 válida pela Copa Rio Branco), que dois meses depois colocaria água no chope do Maracanã. Neste mês de maio, o Brasil voltaria a jogar mais duas vezes com o Uruguai (em um dos jogos, a vitória de 3x2, Nilton Santos marcou contra, fazendo o primeiro gol dos uruguaios). Na sequência vieram a vitória e o empate contra o Paraguai pela Taça Oswaldo Cruz e os amistosos contra combinados estaduais, a Seleção Gaúcha e a Seleção Paulista de Novos. Apesar de Nilton Santos ser o titular em cinco dos sete jogos preparatórios para a Copa, o técnico Flávio Costa optou por montar a defesa brasileira com os zagueiros Augusto (seu capitão e homem de confiança) e Juvenal. Nilton Santos ficou sentadinho nas arquibancadas - já que o “banco de reservas” em Copas do Mundo só passou a existir na Copa de 70 - durante os seis jogos da Copa. Será que aquele gol contra influenciou na decisão de Costa?


Apesar da carreira maravilhosa, de participar de quatro Copas (três delas como titular), ser bicampeão do mundo com a amarelinha, ele não jogou em casa. E por não jogar na Copa de 50 no Brasil, Nilton Santos entrou para O Mundo da Copa do Mundo.


NILTON dos Reis SANTOS

16 de maio de 1925, Rio de Janeiro / 27 de novembro de 2013, Rio de Janeiro

Copas: 1950, 1954, 1958 e 1962 (Botafogo)

Único clube: Botafogo

FALTOU SORTE AO SORTUDO


O goleiro CASTILHO era chamado de “Leiteria” (apelido comum na época para quem tinha muita sorte – seria “Rabudo” hoje?), já que as traves do gol pareciam estar sempre ao – e do – seu lado (e bola na trave, já sabe-se, não altera o placar, o que é muito bom para um goleiro). Castilho começou no Olaria, em 1945, mas no ano seguinte acertou com o Fluminense, clube que defendeu em 697 jogos. Só saiu do Flu em 1965, para encerrar a carreira no Paysandu, depois de ser campeão paraense.


Estreou na seleção sem levar gol na vitória de 2x0 sobre o Paraguai, em 7 de maio de 1950, pela Taça Oswaldo Cruz. Uma semana depois levou seus primeiros três gols na meta do Brasil no empate em 3x3 com o mesmo Paraguai e pela mesma competição. Entrou ainda no amistoso contra a Seleção Paulista de Novos, no lugar de Barbosa, e sofreu dois gols na vitória de 4x3. Depois disso, não jogou mais no ano. Flávio Costa já tinha seu goleiro para a Copa: era Barbosa, para o bem e para o mal.

Voltou a jogar pela seleção no Pan-Americano de 52 (em 1951 o Brasil não jogou um único jogo), em Santiago, contra o México (vitória de 2x0). A partir daí passou a ser o titular da posição. No início de 1954, lesionou-se e Zezé Moreira convocou o goleiro Veludo (seu reserva no Flu) para jogar as eliminatórias à Copa da Suíça. Na seleção, Veludo jogou os quatro jogos eliminatórios e levou apenas um gol. Castilho correu o risco de perder o posto para o seu reserva de clube, mas recuperado foi prestigiado por Moreira e seu titular nos três jogos que o Brasil fez em gramados suíços. Convocado novamente para as Copas de 58 e 62, foi bicampeão do mundo como reserva. Seu último jogo pela seleção foi a goleada de 4x0 sobre o Paraguai (curiosamente seu primeiro adversário), em 20 de abril de 1962.


Castilho foi um dos grandes goleiros brasileiros de todos os tempos. Participou de quatro Copas, bicampeão em 1958 e 1962, e titular na Copa da Suíça, em 1954, mas não jogou em casa. E por não jogar na Copa de 50 no Brasil, Castilho entrou para O Mundo da Copa do Mundo.

Carlos José CASTILHO

27 de novembro de 1927, Rio de Janeiro / 2 de fevereiro de 1987, Rio de Janeiro

Copas: 1950, 1954, 1958 e 1962 (Fluminense)

Primeiro e último clubes: Olaria e Paysandu



CAMPEÃO MUNDIAL PELO PALMEIRAS?


O ponta-esquerda RODRIGUES TATU nasceu em São Paulo, em 1925, e começou a carreira no Ypiranga, aos 17 anos. O Ypiranga foi um dos grandes clubes paulistas da primeira metade do século 20 e desativou seu departamento de futebol profissional em 1958. O apelido de Tatu veio do movimento de corpo que fazia quando ia chutar em gol – vergava-se para frente à semelhança de um tatu que se enrola quando atacado. Rodrigues ficou no Ypiranga até 1945, quando despertou o interesse do Fluminense e se transferiu para o Rio de Janeiro. Companheiro de Castilho no Fluminense estreou na seleção brasileira junto com o goleiro, em maio de 1950, na vitória de 2x0 sobre o Paraguai, em jogo válido pela Taça Oswaldo Cruz. Este também foi o primeiro jogo em que Nilton Santos, Castilho e Rodrigues Tatu atuaram juntos. Tatu participou de mais dois jogos antes da Copa, marcando duas vezes contra a Seleção Paulista de Novos, na vitória de 4x3, no início de junho. Depois, passou a Copa todinha como espectador.

Após a Copa passou a defender as cores do Palmeiras. Estreou na vitória de 5x2 em um amistoso contra o Paulista de Araraquara, entrando no lugar de Brandãozinho. Foram seis anos de Palmeiras, em duas passagens, intercaladas por uma temporada de um ano no Botafogo, quando novamente jogou ao lado de Nilton Santos. Sua maior glória no Verdão foi o título da Copa Rio em 1951 (que os palmeirenses consideram como o título mundial do clube). Tatu foi decisivo marcando um gol em cada um dos dois jogos finais contra a Juventus da Itália (vitória de 1x0 e empate em 2x2). Sem os gols de Tatu, o Palmeiras não chegaria ao título.


Rodrigues Tatu foi o ponta-esquerda titular de Zezé Moreira na Copa da Suíça, em 1954. Atuou nos dois primeiros jogos (5x0 no México e 1x1 com a Iugoslávia), mas, lesionado, ficou de fora da “Batalha de Berna”, quando o Brasil levou 4x2 da Hungria de Puskas, Kocsis e Czibor. Seu último jogo pela seleção aconteceu em 1955, na vitória de 2x1 sobre o Chile, em jogo válido pela Taça Bernardo O’Higgins. Tatu encerrou a carreira no Rosario Central, da Argentina, em 1961.


Por participar de duas Copas, mas não jogar em casa, na Copa de 50 no Brasil, Rodrigues Tatu entrou para O Mundo da Copa do Mundo.


Francisco RODRIGUES “TATU”

27 de junho de 1925, São Paulo / 30 de outubro de 1988, São Paulo

Copas: 1950 (Fluminense) e 1954 (Palmeiras)

Primeiro e último clubes: Ypiranga-SP e Rosario Central




* O zagueiro Nena e o atacante Adãozinho (ambos do Internacional), convocados para a Copa de 50 também não atuaram, mas a seção “Faltou jogar em casa” contempla apenas aqueles jogadores que não entraram em campo em jogos de Copa em seu país, mas jogaram em alguma outra edição de Copa. Não são os casos de Nena e Adãozinho que foram convocados apenas para a Copa no Brasil.


COPYRIGHT © 2018 LUI FAGUNDES (estes textos são parte do capítulo “Faltou jogar em casa” do livro O MUNDO DA COPA DO MUNDO, em produção.

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