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  • Lui Fagundes

O PRIMEIRO JOGO NINGUÉM ESQUECE 3 – Os irmãos Rosas


Os textos inaugurais da seção “Mesmo sangue, mesma bola?” não poderiam ser outros que não abrangessem um dos jogos de estreia da Copa de 30, um dos dois primeiros jogos de futebol da história da Copa do Mundo: França x México (a partida foi disputada no estádio Pocitos – do Peñarol – , no dia 13 de julho, às 15h. No mesmo dia e horário, Estados Unidos e Bélgica entravam em campo no Parque Central). E pelo simples motivo que tínhamos nada menos do que seis irmãos envolvidos com o jogo: de um lado, os franceses Lucien (o autor do primeiro gol da história da Copa do Mundo) e Jean (que não jogou neste nem em nenhum outro jogo da Copa) Laurent; e de outro, os mexicanos Manuel (autor do primeiro gol contra e também do primeiro gol de pênalti em um jogo de Copa) e Felipe (o melhor jogador mexicano da década de 1930) Rosas; e Rafael (o Capitão Récord) e Francisco (que também não participou deste primeiro jogo, mas entrou em campo na derrota de 6x3 para a Argentina) Garza Gutiérrez. Seis irmãos envolvidos em um mesmo jogo de Copa – algo que nunca se repetiu e (provavelmente) nunca se repetirá.


O MAIS JOVEM A MARCAR NA COPA

MANUEL ROSAS era padeiro fora dos campos. Dentro, atuava como zagueiro do Atlante – onde jogava com seus irmãos Felipe (também convocado para a Copa pelo treinador espanhol Juan Luque) e Juan, numa época em que o futebol mexicano ainda era (semi)amador. Entrou para a história da Copa do Mundo por ser o primeiro a fazer um gol contra em Copas (na derrota por 3x0 para o Chile, Manuel marcou contra aos 6’ do 2º tempo), ao tentar interceptar um tiro do atacante Villalobos e, depois, por ser o primeiro jogador a anotar um gol de pênalti (contra a Argentina, aos 42’ do 1º tempo – neste jogo, Manuel marcaria mais um gol, terminando como o artilheiro mexicano da Copa com dois gols, mas também perderia um segundo pênalti, defendido pouco depois pelo arqueiro Ángel Bossio). Mesmo assim, Manuel não foi o primeiro jogador a perder pênalti em Copas. No 1º tempo deste mesmo jogo, Paternoster chutou um penalidade nas mãos do goleiro mexicano Bonfiglio. E antes disso, mais cedo no mesmo dia, o chileno Carlos Vidal teve um pênalti defendido pelo arqueiro francês Alexis Thépot (o primeiro arqueiro a pegar um pênalti em Copas).


Durante 28 anos, Manuel foi o jogador mais jovem a marcar um gol em Copas do Mundo (quando marcou o primeiro gol contra a Argentina, tinha 18 anos e três meses) até ser “destronado” por Pelé, o Rei, em 1958 na Suécia, que tinha 17 anos e sete meses quando marcou contra o País de Gales.


Manuel Rosas faleceu em 1989, aos 76 anos.


MANUEL ROSAS Sánchez

17/04/1912, Cidade do México – 20/02/1989, Cidade do México

Copa: 1930 (Atlante)

Primeiro e único clube: Atlante

O MELHOR MEXICANO DA DÉCADA DE 1930

FELIPE ROSAS, dois anos mais velho que o irmão Manuel, era meio-campista, e também jogava com ele no Atlante (entre 1924 e 1940) quando foi escolhido por Luque para fazer parte de El Tri nos campos do Uruguai. Assim como o irmão, participou de todos os jogos da seleção mexicana e, apesar de Manuel ter se destacado mais pelos dois gols marcados, era considerado por muitos, entre eles o goleiro Bonfiglio, como o melhor jogador do México. A imprensa mexicana considerava Felipe (também padeiro de profissão) o jogador mais completo do futebol mexicano dos anos 1930. O jornal La Afición realizou uma votação entre jornalistas esportivos em 1933 para eleger o melhor jogador mexicano de cada posição. Felipe foi o único jogador que recebeu 100% dos votos.


Em 1935, ele ainda fazia parte da seleção e conquistou, em El Salvador, a medalha de ouro nos Jogos da América Central e Caribe, uma espécie de Olimpíadas da região, disputada ininterruptamente desde 1926.

Felipe Rosas morreu em 1986, também aos 76 anos, como o irmão Manuel.

FELIPE ROSAS Sánchez

05/02/1910, Cidade do México – 17/06/1986, Cidade do México

Copa: 1930 (Atlante)

Primeiro e único clube: Atlante

COPYRIGHT © 2018 LUI FAGUNDES (estes textos são parte do capítulo “Mesmo sangue, mesma bola?” do livro O MUNDO DA COPA DO MUNDO, em produção).

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