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  • Lui Fagundes

O "BOM FILHO" ÀS REDES TORNA


OSCAR BONFIGLIO MARTÍNEZ, "El Yori" (yori, para a etnia dos indígenas yaquis se refere a quem não pertence à tribo, especialmente o homem branco), nasceu em Estación Ortiz (hoje, Guaymas), no Estado de Sonora, em 1905, e foi o goleiro mexicano titular da Copa de 30. Estreou na seleção nas Olimpíadas de 28, disputadas em Amsterdã, quando tomou o lugar do legendário goleiro “Nacho” de la Garza, o primeiro guarda-metas mexicano e um dos fundadores do América do México, em 1916. Bonfiglio era militar, filho do general Manuel Bonfiglio García – posteriormente ele também chegou ao posto de general de divisão do exército mexicano –, e quando foi convocado para os jogos olímpicos jogava no extinto Marte, de Cuernavaca. Diz a lenda que sua convocação teria partido do comando supremo do exército. Como saber?


O saldo do México em terras holandesas não foi nada bom. Com a seleção eliminada em apenas um jogo pela Espanha, o caminho de Bonfiglio já mostrava o quão tortuoso seria: ele foi sete vezes até as redes para pegar a bola, enquanto seu time fez apenas o gol de honra. O México ainda fez um segundo jogo (uma espécie de prêmio de consolação para os derrotados), perdendo de novo. Desta feita, 3x1 para o Chile. O saldo negativo de Bonfiglio foi de “apenas” dez gols em dois jogos. Porém, o técnico espanhol Juan Luque, que convocou El Tri para a primeira Copa do Mundo, em 1930 no Uruguai, não pensou assim e o convocou como seu titular.


Bonfiglio foi o goleiro que levou o primeiro gol na história das Copas (do francês Lucien Laurent – consequentemente, o primeiro a marcar em Copas). E só por isso, já seria “imortal”. Mas também foi o primeiro a levar dois, três e quatro gols em um mesmo jogo (França 4x1 México). Além disso, foi o primeiro arqueiro a buscar cinco e seis vezes a pelota no fundo das redes em um mesmo jogo (Argentina 6x3 México). Neste jogo, ponto para Bonfiglio, que defendeu um pênalti batido por Paternoster. Fontes citam este como sendo o primeiro pênalti defendido em uma Copa do Mundo e, neste caso, Bonfiglio entraria mais uma vez para a história das Copas. Mas, mais cedo no mesmo dia, segundo o livro “Los cóndores blancos”, dos jornalistas chilenos Eugenio Figueroa Bustos e Ignacio Pérez Tuesta, no jogo entre Chile e França, o arqueiro francês Alexis Thépot defendeu uma cobrança de penalidade máxima chutada pelo atacante Carlos Vidal. O horário dos jogos corrobora o texto de Figueroa e Pérez: os dois confrontos aconteceram no Estádio Centenário, e Chile e França foi a partida preliminar, com início às 12h50; México e Argentina fizeram o jogo de fundo, às 15h. Sem chances de Bonfiglio pegar um pênalti antes de Thépot.


Como não jogou na derrota de 3x0 para o Chile (nesta partida atuou o goleiro Isidoro Sota), Bonfiglio manteve, na Copa, a média olímpica de dez gols sofridos.


Com apenas 1,74 m e “gordote”, aposentou-se cedo das canchas, em 1933, aos 28 anos. Um ano antes fraturou tíbia e perônio em uma disputa de bola com Juanito Terrazas, do América, e não mais se recuperou. Fora do futebol, ele tem uma das mais interessantes histórias do futebol mexicano. Foi presidente da Liga de Futebol de Jalisco, dirigente do Atlante, e um dos comandantes do Irapuato em sua primeira disputa profissional, em 1948.


Uma curiosidade: é pai do ator e dublador Oscar Morelli (já falecido – e que participou de A usurpadora, uma das novelas mexicanas da Televisa que mais sucesso fez no Brasil, na grade de programação do SBT) e avô do também ator e dublador Oscar Bonfiglio.


Bonfiglio morreu em 1987, aos 82 anos, depois de ver o México jogar duas Copas em casa e não chegar nem perto de ser campeão. Por ser o primeiro goleiro que engoliu um, dois, três, quatro, cinco e seis gols em um único jogo, Bonfiglio entrou para a história do Mundo da Copa do Mundo como seu “gaveteiro-mor”.

Oscar BONFIGLIO Martínez

05/10/1905, Guaymas, México / 14/01/1987, Guaymas, México

Copa: 1930 (Marte)

Primeiro e último clubes: Cuenta y Administración (uma equipe militar da qual ele foi um dos fundadores, e que posteriormente mudou o nome para Guerra y Marina) e Marte

COPYRIGHT © 2018 LUI FAGUNDES (este texto é parte do capítulo “Gaveteiros” do livro O MUNDO DA COPA DO MUNDO, em produção).

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