top of page
  • Lui Fagundes

NÃO QUIS SER CAMPEÃO NA ALEMANHA


PAOLO MALDINI começou nas categorias de base do Milan por influência de seu pai, o ex-jogador e ex-treinador Cesare Maldini (falecido em abril de 2016), um zagueiro que fez fama no rossonero de Milão. Maldini, o filho, que na infância era torcedor da Juventus, seguiu exatamente a linha traçada por Maldini, o pai: o Milan foi seu único clube. Mas Maldini, o filho, foi além de Maldini, o pai, em número de títulos no clube e em participações em Copas do Mundo (foram quatro – enquanto Cesare jogou apenas a Copa do Chile) vestindo a camisa da Azzurra.


Em 1990, a Copa estava de volta à Itália depois de 56 anos. Maldini tinha só 22, mas acabara de se sagrar bicampeão da Liga dos Campeões pelo Milan. Azeglio Vicini o convocou e ele foi titular em todos os sete jogos da seleção italiana, que naufragou nas semifinais, perdendo nos pênaltis para a Argentina de Diego Maradona (na época, “El Pibe de Oro” extasiava os torcedores do Napoli. Por conta da rivalidade entre o sul e o norte da Itália, os torcedores napolitanos se dividiram entre torcer para a esquadra nacional ou torcer por Maradona!). E quem torceu por Maradona se deu bem (pelo menos na semifinal). Contra a Argentina, Maldini não foi escalado para bater pênalti. Como prêmio de consolação foi escolhido pela Fifa para a seleção da Copa.

Quatro anos depois, com Arrigo Sacchi no comando, Maldini foi chamado novamente. Agora, a viagem seria mais longa. Destino: Estados Unidos. Mais uma vez foi titular em todos os jogos. Vinha de um tricampeonato italiano, um bicampeonato da Supercopa da Itália (o tri viria um mês depois, em agosto) e mais um título da Liga dos Campeões. Chegou bem mais perto da taça, mas – de novo – não deu… Baresi e Baggio chutaram a Copa pra fora e Massaro a chutou nas mãos de Taffarel, na decisão em pênaltis que deu o tetra ao Brasil. Maldini, assim como na eliminação da Copa anterior, não bateu pênalti. O seu “prêmio de consolação” foi exatamente o mesmo de quatro anos antes: lugar na seleção da Copa escolhida pela Fifa.


Em 1998 quem chamou Maldini, o filho, foi Maldini, o pai, que dirigiu a azzurra na Copa da França. E aí nem dá para falar em nepotismo… Qual o treinador que não chamaria Paolo? Pela primeira vez ele chegava a uma Copa sem trazer o carimbo de um título do ano na bagagem, mas tinha a confiança dos tiffosi. De novo foi titular (e desta vez, o capitão; na Copa anterior assumira o posto em quatro jogos com a lesão de Baresi, que retornou para jogar a final contra o Brasil) em todas as partidas. E a Itália saiu da Copa eliminada pela terceira vez consecutiva em uma decisão por pênaltis – Santa Nossa Senhora do Caravaggio, Batman!!! Desta vez nas quartas de final para a dona da casa (de Zinédine, é bom que se diga!). Maldini, mais uma vez, não bateu pênalti.

A pior campanha de Maldini pela Squadra Azurra aconteceu na Copa compartilhada entre Japão e Coreia do Sul, em 2002. Convocado por Giovanni Trapattoni, já com 34 anos, deu tudo o que podia naquela que poderia ser (e foi) a sua última Copa. Mas não conseguiu passar pelo árbitro equatoriano Byron Moreno que deu uma “mãozona” para a anfitriã Coreia do Sul no confronto válido pelas oitavas de final: não marcou um pênalti em Totti e ainda o expulsou por suposta simulação. Na sequência, apontou impedimento em um gol legal de Tommasi, já na prorrogação (seria o golden gol, a “morte súbita” a favor da Itália). Logo depois, Jung Hwan Ahn marcou, decretando o final do jogo e a eliminação da Itália.


Depois desta quarta Copa, Maldini decretou o fim do seu ciclo na seleção italiana. Em 2005 chegou a ser consultado pelo treinador Marcello Lippi sobre um possível retorno à seleção para a Copa da Alemanha, mas declinou do convite. Ah! se o Paolo soubesse que no ano seguinte a esquadra azul conquistaria o tetracampeonato…


Por jogar a Copa de 1990, quando a Itália foi a 3ª colocada em casa; jogar a Copa de 1994, quando a Itália foi vice-campeã; jogar a Copa de 1998, quando a Itália caiu nas quartas de final; jogar a Copa de 2002, quando a Itália caiu nas oitavas de final; e (depois de ter sido sondado por Lippi) não jogar a Copa de 2006, quando a Itália se sagrou tetracampeã do Mundo, Maldini, o filho, é um dos pés-frios de O Mundo da Copa do Mundo.

PAOLO CESARE MALDINI

26/06/1968, Milão, Itália

Copas: 1990, 1994, 1998 e 2002 (Milan)

Único clube: Milan

COPYRIGHT © 2018 LUI FAGUNDES (este texto é parte do capítulo “Pé-frio em Copas” do livro O MUNDO DA COPA DO MUNDO, em produção).

31 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page