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  • Lui Fagundes

O PANZER-AVANTE ALEMÃO


UWE SEELER fez toda a sua carreira de jogador no Hamburgo. Recusou várias propostas de clubes da Alemanha e da Europa. É considerado um símbolo do clube, mesmo tendo sido campeão alemão uma única vez, na temporada 1959/60, quando o título alemão era disputado por oito equipes classificadas em cinco ligas regionais (as Oberligas – ligas superiores). A Bundesliga, para gerir um campeonato alemão unificado, só foi criada em 1963 e Seeler foi o artilheiro da primeira edição do torneio com 30 gols.


Quando foi convocado pelo técnico Sepp Herberger para a Copa da Suécia, Seeler havia acabado de perder a grande final das Oberligas para o Schalke 04. No país nórdico ficou fora somente do jogo que decidiu o 3º lugar (derrota de 6x3 para os franceses), quando Herberger optou por dar oportunidade de vestir a camiseta alemã a quem ainda não havia jogado. Em todos os outros ele foi titular e marcou dois gols: o segundo na vitória de 3x1 sobre a Argentina, e, também, o segundo no empate de 2x2 contra a Irlanda do Norte – ambos na fase de grupos.


Quatro anos mais tarde, no Chile, Sepp Herberger continuava no comando e chamou Seeler de novo. O atacante, que media apenas 1,69 m, era considerado um dos primeiros “panzers” (tanque utilizado pelo exército nazista na 2ª Guerra Mundial) do futebol alemão, um tipo de avante que passava por cima de qualquer defesa. Titular em todos os quatro jogos, marcou, novamente, dois gols – nas vitórias sobre Suíça e Chile. A Alemanha caiu nas quartas de final para a Iugoslávia de Skoblar e Jerkovic.

Em 1966, na Inglaterra, saía de cena Sepp Herberger, técnico entre 1936 e 1964, campeão do mundo na Suíça, que dirigiu a seleção nas Copas de 38, 54, 58 e 62 (somente Herberger e o austríaco Karl Rappan, no comando da Suíça nas Copas de 38, 54 e 62, dirigiram seleções em Copas antes e depois da 2ª Guerra), e entrava Helmuth Schön (que também dirigiria a Alemanha por quatro Copas e seria campeão do mundo em 1974). Em Londres, Seeler, que se recuperara de uma grave lesão (ruptura do tendão de aquiles da perna direita), sofrida um ano antes, foi alçado por Schön ao posto de capitão da esquadra germânica, e teve a sua grande chance de ser campeão do mundo. Mas a Alemanha perdeu a final para a dona da casa, depois do “gol que não entrou”, de Ball, já aos 11’ do 1º tempo da prorrogação. Claro que a Inglaterra ainda faria mais um, mas isso só porque a Alemanha se jogou inteira para o ataque na tentativa de empatar. Seeler, mais uma vez, marcou dois gols em uma Copa: na vitória de 2x1 sobre a Espanha, na fase de grupos, e nas quartas de final, na goleada de 4x0 sobre o Uruguai.


Seeler chegou ao México, em 1970, para sua quarta Copa do Mundo. Dois anos antes ele encerrara sua carreira na seleção, mas atendendo a um pedido – feito por telefone – de Schön, ele topou retornar. Com 34 anos, acabara de receber, pela terceira vez (a segunda pela Bundesliga), o prêmio de melhor jogador do campeonato alemão – as outras duas foram em 1960 e 1964. Continuava sendo o capitão de Schön, mas com um esquema de jogo diferente teria de dividir espaços no ataque da Alemanha com uma ascendente estrela, Gerd Müller, que seria o goleador da Copa com dez gols. Mesmo assim, esta foi a Copa em que Seeler mais marcou: foram três gols em seis jogos. Dois na fase de grupos, nas vitórias contra Marrocos e Bulgária e mais um nas quartas de final, no “jogo da vingança” contra a Inglaterra, com requintes de crueldade – gol de Müller na prorrogação, e vitória de 3x2.

Uwe Seeler é um dos três jogadores, junto com Pelé e Miroslav Klose (o “alemão-polaco”), a fazer gols em quatro Copas do Mundo. Também é um dos dois jogadores alemães (o outro é o zagueiro Schnellinger – um dos nossos próximos pés-frios) que conseguiram a “façanha” de jogar todas as quatro Copas entre a conquista da Alemanha em 1954 e o bicampeonato de 1974 – só não estiveram presentes quando a Alemanha ganhou (ele estreou pela Alemanha logo depois da Copa da Suíça, em outubro de 1954, com apenas 17 anos, na derrota de 3x1 para a França, em Hannover; em 1974, já estava aposentado – seu último jogo pela seleção foi em setembro de 1970, uma vitória de 3x1 sobre a Hungria, em Nuremberg. Dois anos depois aposentava-se definitivamente também pelo Hamburgo.


Por jogar a Copa de 1958, quando a Alemanha foi a 4ª colocada na Suécia; jogar a Copa de 1962, quando a Alemanha caiu nas quartas de final; jogar a Copa de 1966, quando a Alemanha foi vice-campeã; jogar a Copa de 1970, quando a Alemanha chegou ao 3º lugar; por ser jovem demais quando a Alemanha conquistou o título mundial na Suíça e já estar aposentado quando a Alemanha conquistou o bicampeonato do Mundo, em casa, em 1974, Seeler é um dos pés-frios de O Mundo da Copa do Mundo.

UWE SEELER

5 de novembro de 1936, Hamburgo, Alemanha

Copas: 1958, 1962, 1966 e 1970 (Hamburgo)

Único clube: Hamburgo

COPYRIGHT © 2018 LUI FAGUNDES (este texto é parte do capítulo “Pé-frio em Copas” do livro O MUNDO DA COPA DO MUNDO, em produção).


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